Sábado, dia de feira. O céu desabava em prantos e caía muita pedra. Zé Antena estava impaciente. O negócio não ia nada bem, afinal, desde a manhã não fez uma venda. Sua garganta estava cansada de tanto gritar. Ou seja, o mar estava para sargaços e não para peixes. Diante do frio intenso, resolveu dar um pulo no bar do Pio para molhar a goela. 36b5d
Apesar de estar aborrecido, resolveu tentar mais uma vez. Se não conseguisse, iria embora. Berrou com seu vozeirão: antena para rádio, TV, telefone, internet e geladeira. Um freguês perguntou se 20 pratas era o valor da tal antena? Sim, respondeu. Em meia hora ele vendou todas as peças. O dia lhe rendeu uma semana de trabalho duro. Foi embora.
Zé estava cheio de si! No caminho encontrou um rapaz cuspindo marimbondo, ele lhe disse: o senhor conhece quem vende antena na feira? Coçou a cabeça. Viu o nervosismo do moço. Respondeu com um não. Pois é: o malandro enganou a minha velha. Como? Dizendo-lhe que vendia antena para geladeira, o senhor já viu isso? É companheiro, o mundo está perdido! Despediram-se. Zé estava pensativo... afinal de contas, quem precisa de antena para internet?
(RICARDO SANTOS É JORNALISTA - BLOG: vozdiscordante.blogspot.com.br)
Fonte: Brasil Escola - /atualidades/o-vendedor-antenas.htm